De todas as belezas que vi…

Sempre bate uma dúvida, né? Será que vai ser bom fazer isso agora? Será que estou tomando a melhor atitude pra minha vida? Não sei vocês, mas eu me questiono diariamente, sobre muito e tudo. Preciso dizer que certas vezes isso da uma canseira sem tamanho. Viver de “serás” não é algo que me agrada, então mesmo com dúvidas eu escolho a ação. Mesmo não tendo certeza se é o melhor momento, o melhor lugar, a melhor palavra, se for com amor e se eu sentir que é o melhor que eu tenho pra oferecer nesse meu aqui e agora então eu fecho os olhos e vou. Fecho pra abrir logo ali na frente pra enfrentar as consequências das minhas escolhas.

A minha escolha de vir para a Itália novamente me gerou diversas dúvidas, mas quando eu estava em silêncio e tentando me conectar um pouco mais comigo mesma essa decisão se tornava cada vez mais forte. Depois disso não me faltaram motivos para justificar minha vinda, principalmente para aqueles que não olhavam com bons olhos.

Mas e ai, valeu a pena? Valeu o esforço? Valeu a distância? …

Como é difícil descrever em palavras certos momentos que tive aqui, comigo mesma, que me fizeram ter a plena certeza de que eu estou fazendo o melhor que posso por mim, e por isso estou fazendo também por todos que amo. Como foi surpreendente me conhecer um pouco mais, me amar um pouco mais e me escutar de uma forma mais clara, sem a intervenção de milhões de dúvidas e angústias. Não que elas não mais existam, mas tomaram um lugar diferente, se vestiram de uma outra forma.

De tudo que eu poderia encontrar de novo, de diferente e de destoante que pudesse me surpreender por aqui, eu encontrei a mim mesma e ao meu corpo. A única coisa que verdadeiramente me acompanha e que vai estar sempre comigo, foi o que mais me surpreendeu enquanto eu buscava fora o que já está aqui dentro pulsando, correndo, transpirando. As capacidades do meu corpo feminino que quando não está mascarado por remédios, perfumes, loções e pinturas se mostra tão rico de possibilidade, de cheiros, de toques, de hormônios que transformam um dia comum e um profundo mergulho dentro de mim mesma em um piscar de olhos. Que me dá a possibilidade de sentir profundo cada gesto e de ser extremamente verdadeira e transparente com relação aos meus sentimentos.

Mais do que entender, eu vivenciei um encontro com o meu eu que me abriu os olhos. Compreendi que desde sempre somos ensinados a nos modificar de diversas maneiras e que em um certo ponto nem sabemos mais como é o nosso original. Não reconhecemos nossa cor de pele sem maquiagem, nossos odores sem perfumes e desodorantes, nossos pêlos e cabelos em sua forma natural, nossas curvas sem a modelagem de certas roupas e acessórios. E quando nos deparamos com algumas dessas situações da forma como elas sempre deveriam ser, ficamos chocadas com o que vemos como se fossem coisas absurdas.

Absurdo é a gente se conhecer tão pouco, se amar pela metade e viver em busca de um padrão que vai sempre mudar e que nunca vai caber na gente.

Comecei falando de A e terminei em Z, mas não tem como não falar de algo que anda  latente em mim e que estou tão eufórica por ter conhecido melhor, meu corpo e suas infinitas possibilidades.

Um dos primeiros posts que escrevi quando cheguei aqui foi sobre constantes despedidas e continuo vivendo isso diariamente. Me despeço do que não me serve mais e recebo esses novos conhecimentos e vivências que me desabrocham de dentro pra fora.

Amanhã me despeço também desse lugar, dessa família que já tenho como minha e de uma parte de mim que vai ficar por aqui.

Estou voltando com toda a beleza que vi aqui fora e que descobri aqui dentro pra dividir mais ainda isso com vocês. Gratidão pela companhia!!

DCIM101GOPRO

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